sábado, 11 de dezembro de 2010

TCC: Bullying

ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A
Faculdade Interativa de Sumaré

ANITA FACCIONI JAQUETTO DE OLIVEIRA

O PROFESSOR DIANTE DO BULLYING:
COMO PREVENIR E EDUCAR PARA A PAZ?


Monografia apresentada, como exigência parcial para a obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia, na Faculdade Anhanguera de Sumaré, sob a orientação do Prof. Esp. Haroldo Ramos Teixeira




RESUMO


OLIVEIRA, Anita Faccioni Jaquetto. O professor diante do bullying: como prevenir e educar para a paz?. 2010. 42 f. Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia – Faculdade Anhanguera de Sumaré, Anhanguera Educacional S.A., Sumaré, 2010.

Este Trabalho de Conclusão de Curso, busca esclarecer o fenômeno bullying e suas implicações no contexto escolar através de uma pesquisa de abordagem qualitativa. O objetivo deste trabalho é esclarecer como se manifestam essas agressões dentro da escola e quais quais as medidas adotadas pelos professores como forma de prevenção e combate ao bullying. Nesta direção, as pesquisas bibliograficas defendem que o bullying é uma triste realidade e acarreta em inúmeros prejuizos à todos os envolvidos. Defende também que a melhor forma de combater o bullying é previnir, através da conscientização, dos envolvidos sobre as consequências desse fenômeno e de uma educação pautada no respeito, alteridade, solidariedade, diálogo, como prepração para o pleno exercício da cidadania.
Palavras-chave: fenômeno bullying, escola, educação, violência escolar.




Introdução

No universo da Educação, um dos problemas que a muito vem sendo discutido é a questão da violência escolar. Este tipo de conflito não é fato recente visto que sempre ocorreu no ambiente das escolas, mas antes as características da violência não eram tão percebidas ou tão evidenciadas como na atualidade, no que se referem às situações como agressões entre docentes e discentes, e violência dentro e fora do ambiente escolar.
Na minha adolescência, não só presenciei atitudes agressivas como também fui vítima de bullying. Muitas vezes, chorei sozinha pela sensação de impotência diante dos meus agressores, que, por causa de minhas características físicas diferentes, me humilhavam e ridicularizavam colocando apelidos pejorativos, que me feriam profundamente. Quando tomei coragem de contar o que estava acontecendo a uma professora, a resposta que recebi não resolveu o meu problema: “É só você não ligar!”. Como se fosse fácil assim.
Isso, infelizmente, me acarretou uma insegurança afetiva muito grande e mais tarde, um processo depressivo que, graças a Deus, foi superado com o apoio da minha família. Mesmo tendo superado esta fase da minha vida, este foi um assunto que sempre me incomodou, e essa experiência aliado ao sentimento de impotência diante do bullying me instigaram a aprofundar os estudos sobre o tema.
O bullying se caracteriza por um conjunto de fenômenos que envolvem brincadeiras agressivas, como darem nomes ofensivos ou fazer piadas de mau gosto sobre o colega, perseguição contra determinados alunos, humilhação, depreciação, ridicularização, apelidos cruéis, falsas acusações e até mesmo agressões físicas, motivadas por pressão social, desigualdade ou preconceito.
Alem das características próprias acima citadas, o principal fator que caracteriza o bullying são as conseqüências que essa violência pode trazer. O sofrimento a que estas vítimas são submetidas quase que diariamente causam mágoa, dor, angústia, podendo acarretar traumas e danos não só no panorama psíquico-afetivo das vítimas, mas também em relação à aprendizagem.
Como o bullying tem sido encarado na realidade escolar? Qual o papel do professor diante desse problema? Suas atitudes em sala de aula podem acarretar situações de bullying? Ele tem consciência das conseqüências do bullying na vida das vítimas? Como o professor age nessas situações? As medidas adotadas são eficazes?
Todos os envolvidos no universo escolar sabem da existência do bullying nas escolas, sabem da necessidade de combater esse fenômeno, mas encontram dificuldades em colocar em prática as ações preventivas e combativas. Esse trabalho de conclusão de curso busca responder algumas questões, conscientizar os professores sobre a existência do bullying, suas prováveis causas, conseqüências e a necessidade de prevenir e combater o fenômeno no contexto escolar.



Capítulo 1
Revisão de Literatura

A presente pesquisa buscou abranger os vários aspectos do tema bullying através da pesquisa em diversos materiais relacionados ao assunto. Dentre eles, destacam-se os livros e artigos científicos, os quais através da leitura permitem compreender a real complexidade do tema em questão no panorama atual e a significância do desenvolvimento de novas pesquisas e conhecimentos sobre formas eficientes de combate e prevenção a este fenômeno.
Dessa forma, vários autores contribuíram muito para a realização deste trabalho. A pesquisa em livros se deu através do estudo das obras de Chalita, Fante, Freire, Marchesi, Midelton-Moz entre outros. Já a pesquisa em artigos científicos contou com a colaboração de autores como a ABRAPIA, Ballone, Calhau e Neto.
A leitura de cada obra contribuiu para uma visão mais abrangente sobre o tema. Veremos então a contribuição de cada um e suas proposições sobre o bullying.
Quando falamos em bullying, a obra de Calhau (2008) esclarece que não se tratam aqui de pequenas brincadeiras próprias da infância, mas de casos de violência, em muitos casos de forma velada praticadas por agressores contra vítimas. Elas podem ocorrer dentro de salas de aulas, corredores, pátios de escolas ou até nos arredores. Elas são, na maioria das vezes, realizadas de forma repetitiva e com desequilíbrio de poder. Essas agressões morais ou até físicas podem causar danos psicológicos para a criança e o adolescente facilitando posteriormente a entrada dos mesmos no mundo do crime.
As brincadeiras na infância são comuns e devem fazer parte das nossas vidas, mas o limite entre essas brincadeiras e o bullying é tênue. Muitas das vezes o costume da chacota se torna um hábito desastroso (CHALITA, 2008).
Chalita (2008) estabelece ainda que, o bullying é uma violência que cresce com a cumplicidade de alguns, com a tolerância de outros e com a omissão de muitos A classificação dos envolvidos não deve ter a finalidade de rotular os alunos perante a comunidade escolar, mas sim oferecer meios para que se compreenda melhor a situação.
Após o período de adaptação no ambiente escolar, a criança sente necessidade de aceitamento social, e logo procura o seu lugar de pertencimento. São formados pequenos grupos de origem, socioeconômica, religiosa, cultural, sistemas familiares semelhantes, entre outros. Os grupos têm suas regras de conduta ditas e não ditas, que devem ser seguidas pelos seus membros. Há também aquelas crianças que não se encaixam em grupo algum (MIDDELTON-MOZ, 2007).
É preciso buscar um diagnóstico do bullying naquela realidade escolar local. O esclarecimento pode, em muitos casos, poder facilitar o controle dessas situações. Para que isso possa ser conseguido é necessário que haja um diálogo franco entre os envolvidos. Isso evitará que os envolvidos tenham uma mensagem da sociedade que os problemas devem ser resolvidos com violência ou com a anulação moral dos mais fracos. A atuação preventiva nesses casos é a melhor saída. Devemos coibir essas práticas e propagar, em vez da violência, a tolerância e a solidariedade. Agindo assim contribuiremos para reduzir a prática futura de crimes violentos decorrentes das situações de bullying (CALHAU, 2008).
Fante (2005) caracteriza o bullying como um subconjunto de atos agressivos, repetitivos, nos quais evidenciam um desequilíbrio de poder, incapacidade de defesa da vítima, seja essa por variados fatores, tais como: menor estatura ou força física, por estar em minoria, por ser pouco habilidoso em se defender, pela falta de assertividade e pouca flexibilidade psicológica perante o autor ou autores do ataque. Os critérios acima citados muitas vezes não são aceitos universalmente, mas ainda assim não deixam de ser empregados em muitas ocasiões. Alguns estudiosos consideram serem necessários no mínimo três ataques contra a mesma pessoa ao longo do ano para que este seja caracterizado como bullying
O bulying não se confunde com outras formas de violência, pois possui características próprias, sendo que talvez a mais grave seja a o fato de acarretar traumas psíquicos as suas vítimas. Ele vitimiza a criança, acarretando em insegurança e consequentemente prejudicando o desenvolvimento e a aprendizagem (FANTE, 2005).
Neto (2005) contribui para a compreensão de que o autor de bullying é tipicamente popular; tende a envolver-se em uma variedade de comportamentos anti-sociais; pode mostrar-se agressivo inclusive com os adultos; é impulsivo; vê sua agressividade como qualidade; têm opiniões positivas sobre si mesmo; é geralmente mais forte que seu alvo; sente prazer e satisfação em dominar, controlar e causar danos e sofrimentos a outros. Além disso, pode existir um componente benéfico em sua conduta, como ganhos sociais e materiais. São menos satisfeitos com a escola e família, mais propensos ao absenteísmo e à evasão escolar e têm uma tendência maior para apresentarem comportamentos de risco (consumir tabaco, álcool ou outras drogas, portar armas, brigar, etc.). As possibilidades são maiores em crianças ou adolescentes que adotam atitudes anti-sociais antes da puberdade e por longo tempo.
Algumas pesquisas apontam que os autores de bullying vêm de famílias pouco estruturadas, com pobre relacionamento afetivo entre seus membros, são pouco supervisionados pelos seus pais e vivem em ambientes onde o modo de resolver problemas é baseado no uso de comportamentos agressivos ou explosivos (BALLONE, 2005).
Normalmente são alunos populares e precisa de platéia para agir. Vêem na condição de agressor e de relativo poder sobre o outro e status perante o seu grupo. Sentem-se poderoso pela com a possibilidade de intimidar o outro. Em geral são crianças que não conhecem os limites do respeito, educados com permissividade excessiva, ou, vítimas de maus tratos físicos ou emocionais, por parte dos pais (NETO, 2005).
Os maus tratos entre iguais são uma das condutas violentas que mais danos causam a determinados alunos, principalmente aqueles que são maltratados (MARCHESI, 2006).
Elas tendem a crescer com sentimentos negativos e com baixa auto-estima, apresentando graves problemas de relacionamento no futuro. Poderão também assumir um comportamento agressivo, vindo a praticar o bullying no ambiente sócio-ocupacional adulto e em casos extremos, poderão tentar ou cometer suicídio (BALLONE, 2005).
As dificuldades emocionais dos alunos podem alterar suas relações sociais com professores e colegas e dificultar seriamente sua aprendizagem. Entre elas se encontram a percepção da falta de afeto, o isolamento social, a tristeza prolongada, o sentir-se marginalizado e maltratado (MARCHESI, 2006).
Neto (2004) propõe que escola não deve ser apenas um local de ensino formal, mas também de formação cidadã, de direitos e deveres, amizade, cooperação e solidariedade. Agir contra o bullying é uma forma barata e eficiente de diminuir a violência entre estudantes e na sociedade. Ninguém gosta de ter os seus direitos violados. Ninguém gosta de ser desrespeitado. Para que estes objetivos sejam alcançados é preciso estabelecer os princípios norteadores .
È necessário educarmos para a esperança, para a felicidade onde consigamos cooperar enquanto educadores que somos para que a humanidade consiga superar a brutal exclusão social que marca o nosso tempo. Para isso, a educação tem um papel central, devemos acreditar e apostar em uma educação que abra horizontes de esperança e que seja capaz de articular competências e habilidade sociais em todos áqueles que estiverem inseridos nesse processo de humanização dos sujeitos. (BANDEIRA, 2003)
Freire (1987) esclarece a necessidade de uma educação libertadora e sem opressão. Para ele a educação libertadora é incompatível com uma pedagogia que de maneira consciente ou mistificada, tem sido prática de dominação. Uma cultura tecida com a trama da dominação, violência, por mais generosa que sejam os propósitos de seus educadores, é barreira cerrada às possibilidades educacionais dos que se situam nas subculturas dos proletários e marginais
É relevante considerar na superação das práticas de exclusão e violências presentes no cotidiano escolar a tarefa contínua de “refletir e descobrir no próprio estilo de ensinar, aquilo que condiz com uma prática emancipatória, que leva a “pensar certo”, a pensar autêntico como um projeto de sociedade“ (FREIRE, 1997).





Capítulo 2
Bullying

Ser agredido, humilhado, excluído pelo grupo, discriminado, ofendido, por que alguém pensa ter o direito de fazê-lo. Por ser “gordo” ou se magro, por se alto ou ser baixo, por se tímido, por possuir qualquer outra característica diferente, como religião, etnia, opção sexual, social ou simplesmente por que foi o escolhido “para Cristo”. Situações como estas sempre estiveram presentes no cotidiano das escolas, e na maioria das vezes foram e ainda são tratadas sem a devida importância pela comunidade escolar. Os envolvidos no universo escolar sabem da existência do bullying nas escolas, sabem, mas encontram dificuldades em colocar em prática as ações preventivas e combativas ou muitas das vezes pensam ser, de forma errônea, que é só mais um caso isolado e logo passa.
Há alguns anos, muitos desses casos de agressões entre estudantes foram relatados pela mídia em noticiários e reportagens quando resultaram em tragédias, provando que não se tratavam apenas de “brincadeiras de criança”, mas agressões gravíssimas que colocaram suas vítimas e agressores em situação de risco.
A partir dessa constatação, muitos estudiosos passaram a estudar esses casos, vários artigos já foram produzidos, e alguns livros sobre o assunto também tem sido publicados. Com base nas pesquisas desenvolvidas esse fenômeno passou a ser denominado como bullying.
O termo bullying é derivado da palavra bully, que em inglês quer dizer brigão, valentão, e, de acordo com Fante (2005), a palavra bullying é, utilizada em diversos países para conceituar o desejo consciente e deliberado de maltratar outro indivíduo e pressioná-lo. De acordo com Silva (2006),

Estudos indicam que as simples brincadeirinhas de mau-gosto de antigamente, hoje denominadas bullying, podem revelar-se em uma ação muito séria. Causam desde simples problemas de aprendizagem até sérios transtornos de comportamentos responsáveis por índices de suicídios e homicídios entre estudantes (SILVA, 2006, p. 02).


Para Chalita (2008) as brincadeiras na infância são comuns e devem fazer parte das nossas vidas, mas o limite entre essas brincadeiras e o bullying é tênue. Muitas das vezes o costume da chacota se torna um hábito desastroso. De acordo com Calhau,
Não se tratam aqui de pequenas brincadeiras próprias da infância, mas de casos de violência, em muitos casos de forma velada praticadas por agressores contra vítimas. Elas podem ocorrer dentro de salas de aulas, corredores, pátios de escolas ou até nos arredores. Elas são, na maioria das vezes, realizadas de forma repetitiva e com desequilíbrio de poder. Essas agressões morais ou até físicas podem causar danos psicológicos para a criança e o adolescente facilitando posteriormente a entrada dos mesmos no mundo do crime. (CALHAU, 2008)

No entanto, quando consideramos a dimensão do problema e a enorme necessidade de programas preventivos observa-se uma relativa falta de informação quanto à definição do termo e suas reais características por parte da comunidade escolar. O bullying constitui-se de um problema mundial e que sempre ocorreu nas escolas, nos mais diversos contextos, que não se restringe a um tipo específico de instituição, e sempre trouxe conseqüências aos envolvidos direta ou indiretamente.
Para a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e a Adolescência (ABRAPIA), os comportamentos que podem ser caracterizado como bullying são: colocar apelidos, ofender, ameaçar, amedrontar, tiranizar, oprimir, intimidar, maltratar, fazer gozações, discriminar, excluir, isolar, ignorar, perseguir, causar sofrimento, dominar, agredir, bater, causar ferimentos e ainda quebrar pertences.
Podemos então definir como bullying atitudes de agressão que ocorrem repetidamente, sem motivação aparente, com a intenção de causar dor e sofrimento a vitima Uma violência continuada, física ou mental, praticada por um indivíduo ou grupo, diretamente contra outro indivíduo que não é capaz de se defender por si só, na situação atual.
Conforme Fante (2005), o bullying pode ser caracterizado como:

Um subconjunto de atos agressivos, repetitivos, nos quais evidenciam um desequilíbrio de poder,incapacidade de defesa da vítima, seja essa por variados fatores, tais como: menor estatura ou força física, por estar em minoria, por ser pouco habilidoso em se defender, pela falta de assertividade e pouca flexibilidade psicológica perante o autor ou autores do ataque. Os critérios acima citados muitas vezes não são aceitos universalmente, mas ainda assim não deixam de ser empregados em muitas ocasiões. Alguns estudiosos consideram ser necessários no mínimo três ataques contra a mesma pessoa ao longo do ano para que este seja caracterizado como bullying.” (FANTE, 2005, p. 28).

Segundo a ABRAPIA, atitudes agressivas acorrem das mais variadas formas e dentre elas as mais comuns são insultar a vítima depreciando-a; atacar fisicamente o corpo de uma pessoa ou um bem que a ela pertence; espalhar boatos negativos sobre a vítima; obrigar a vítima a seguir ordens ou fazer algo através de ameaças; colocar a vítima em má situação com alguém (geralmente uma autoridade); tecer comentários maldosos sobre a aparência pessoal, orientação sexual, religião, etnia, nível social da vítima; isolar socialmente a vitima; fazer grafitagem depreciativa; entre outras.
De acordo com Fante (2005), o bulying não se confunde com outras formas de violência, pois possui características próprias, sendo que talvez a mais grave seja a o fato de acarretar traumas psíquicos as suas vítimas. Ele vitimiza a criança, acarretando em insegurança e consequentemente prejudicando o desenvolvimento e a aprendizagem. Para Chalita (2008) o bullying é um fenômeno muito complexo nas escolas, muitas vezes banalizado e confundindo com agressão e indisciplina.


2.1 Histórico do bullying

Não é de hoje que o bullying vem ganhando espaço no ambiente escolar. De acordo com Chalita (2008), os primeiros estudos que se têm registro foram realizados em 1972 e 1973, na Escandinávia, onde algumas famílias perceberam a seriedade do problema. Em seguida outros estudos se alastraram pela Noruega, Suécia e toda a Europa. Todas essas pesquisas não tiveram muito impacto na época, a não ser na concepção de alguns núcleos de pessoas interessadas.
Fante (2005) relata em sua obra que 1983 um fato alarmou os habitantes da Noruega: três meninos, entre 10 e 14 anos, cometeram suicídio e tudo indicava que haviam sido provocados por situações de bullying. Com isso o medo tomou conta de pais e educadores. Os estudos sobre o bullying se iniciaram com pesquisas do professor Dan Olweus, da Universidade de Bergen, na Noruega (1978 a 1993), e serviu de incentivo às escolas norueguesas, que se mobilizaram e criaram uma campanha nacional contra o bullying, conseguindo minimizar essas ocorrências e suas proporções, sendo inclusive copiada por outros países.
Na Grã-Bretanha, início de 1990, uma pesquisa mostrava que 37% dos alunos do ensino fundamental e 10% dos alunos de ensino médio admitiam já ter sofrido bullying. Em Portugal 22% de um total pesquisado entre seis e 16 anos foram vítimas na escola. A partir dessas constatações, a Europa aprovou, além de legislação específica, ações integradas que incluíram países como Espanha, Itália, Alemanha e Grécia.
Em 2001 e 2002, Cléo Fante desenvolveu um estudo na cidade de São José do Rio Preto no estado de São Paulo e revelou que 49% dos estudantes tinham envolvimento com situações de bullying. Este estudo permitiu traçar o perfil das vítimas de bullying no Brasil. Normalmente, são tímidas, com algum aspecto físico ou comportamental marcante, mais comumente a obesidade e a baixa estatura. Os alvos têm, em média, 11 anos. São meninos e meninas com poucos amigos e que não reagem com os apelidos ofensivos ou qualquer outra atitude que lhes desagrada.
Segundo Fante (2005), o agressor encontra-se na faixa etária entre 13 e 14 anos, são líderes e sentem prazer em mostrar poder. A partir desse estudo foi criado o Programa Educar para a paz, que reduziu de 26% para 4% em dois anos de implantação. Quando há combate e intervenção as ações de bullying retrocedem.
A ABRAPIA também implantou um programa para redução do comportamento agressivo em 2002 no Rio de Janeiro.




Capítulo 3
Os envolvidos no bullying

Quando falamos em envolvidos no bullying, não nos referimos apenas aos alvos ou as vítimas, mas a todos os sujeitos da comunidade escolar. Para Chalita (2008), o bullying é uma violência que cresce com a cumplicidade de alguns, com a tolerância de outros e com a omissão de muitos A classificação dos envolvidos não deve ter a finalidade de rotular os alunos perante a comunidade escolar, mas sim oferecer meios para que se compreenda melhor a situação. Segundo a ABRAPIA, dentro de uma situação de bullying, geralmente identificamos alvos, autores e testemunhas. Buscaremos esclarecer melhor suas características.


3.1 Os alvos

Os alvos do bullying são alunos que sofrem agressões de forma intencional, danosa, e repetitiva por parte de um ou mais alunos. Fante (2005) esclarece que geralmente são alunos que possuem alguma característica diferente em relação ao grupo agressor, sejam elas físicas (obesidade, deficiência, etnia, déficit na aprendizagem, etc.) ou sócio-culturais (religião, status social, opção sexual, etc.). O comportamento, os hábitos ou características físicas fora do padrão de beleza tornam-se motivo para a escolha de uma vítima.
Em geral, os alvos são alunos inseguros e sensíveis emocionalmente, e não dispõe de estrutura para reagir ao bullying, Ele é passivo e devido à baixa auto-estima, às vezes provocada pelo excesso de crítica dos adultos sobre sua vida ou comportamento, acredita ser merecedor das agressões, o que o torna ainda mais vulnerável a esse tipo de ação.
De acordo com Chalita (2008) os danos internos começam lentamente a se manifestar com o surgimento das conseqüências externas, que vão se tornando visíveis a pais e educadores O aluno alvo do bullying, geralmente apresenta mudanças de comportamento como: desculpas freqüentes para faltar às aulas, irritação excessiva, tristeza, pedem para trocar de classe sem motivos convincentes, apresentam queda no rendimento escolar, apresentam manifestações de baixo estima e, ainda, podem apresentar sintomas físicos como diarréia, vômitos, cefaléia, depressão, perda de memória, pânico, e atos deliberados de auto- agressão.
Ainda a esse respeito Marchesi (2006, p.90) comenta que “os maus tratos entre iguais são uma das condutas violentas que mais danos causam a determinados alunos, principalmente aqueles que são maltratados”
Ballone (2005) explica que os alvos do bullying,

tendem a crescer com sentimentos negativos e com baixa auto-estima, apresentando graves problemas de relacionamento no futuro. Poderão também assumir um comportamento agressivo, vindo a praticar o bullying no ambiente sócioocupacional adulto e em casos extremos, poderão tentar ou cometer suicídio (BALLONE, 2005).




3.2 Os autores

Os autores do bullying são os alunos que cometem as agressões. Para Neto (2005) normalmente são alunos populares e precisa de platéia para agir. Vêem na condição de agressor e de relativo poder sobre o outro e status perante o seu grupo. Sentem-se poderoso pela com a possibilidade de intimidar o outro. Em geral são crianças que não conhecem os limites do respeito, educados com permissividade excessiva, ou, vítimas de maus tratos físicos ou emocionais, por parte dos pais. Outros fatores que podem influenciar são distúrbios comportamentais, como hiperatividade, dificuldade de atenção entre outros.
De acordo com Ballone (2005) algumas pesquisas apontam que os autores de bullying vêm de famílias pouco estruturadas, com pobre relacionamento afetivo entre seus membros, são pouco supervisionados pelos seus pais e vivem em ambientes onde o modo de resolver problemas é baseado no uso de comportamentos agressivos ou explosivos.
Porém este não é um diagnostico definitivo e conclusivo, e não podemos atribuir somente à família ou a escola deturpadora de valores toda a culpabilidade do bullying. Chalita (2008) entende que, os atos de agressão são frutos de uma somatória de causas externas somadas aos elementos internos, que desencadeiam essas ações.
Neto (2005) esclarece que o autor do bullying possui certas características de comportamento que possibilitam o seu reconhecimento.

O autor de bullying é tipicamente popular; tende a envolver-se em uma variedade de comportamentos anti-sociais; pode mostrar-se agressivo inclusive com os adultos; é impulsivo; vê sua agressividade como qualidade; têm opiniões positivas sobre si mesmo; é geralmente mais forte que seu alvo; sente prazer e satisfação em dominar, controlar e causar danos e sofrimentos a outros. Além disso, pode existir um componente benéfico em sua conduta, como ganhos sociais e materiais. São menos satisfeitos com a escola e família, mais propensos ao absenteísmo e à evasão escolar e têm uma tendência maior para apresentarem comportamentos de risco (consumir tabaco, álcool ou outras drogas, portar armas, brigar, etc.). As possibilidades são maiores em crianças ou adolescentes que adotam atitudes anti-sociais antes da puberdade e por longo tempo (NETO, 2005, p. 67).

O fato de um aluno ser identificado como alvo do bullying, não descarta a possibilidade de o mesmo ser também autor de agressões. Muitas das vezes, o aluno é alvo e reproduz a agressividade como uma espécie de vingança, de redimir suas limitações. Diferenciam-se dos agressores comuns por serem figuras impopulares, e constantemente rejeitadas pela turma. Os alvos-autores têm como razões prováveis causas psicológicas, e podem apresentar distúrbios psiquiátricos.


3.3 As testemunhas

Quanto aos demais alunos, acabam se tornando testemunhas, vítimas e co-agressores dessa cruel dinâmica. Assistem as ações agressivas, e muitas das vezes se sentem solidárias às vítimas, mas não se sentem à vontade para manifestar opinião contraria por medo de se tornar alvo de represálias por parte dos agressores e serem descrentes no posicionamento da escola. Convivem com o ambiente de insegurança e medo, onde o bullying se faz presente. Não denunciam e se acostumam com essa prática violenta, podendo até encará-la como normal dentro do ambiente escolar (e um dia até no ambiente de trabalho).
De acordo com Chalita (2008), parte desse grupo acredita que o bullying é normal. Talvez acreditem que esses alunos diferentes mereçam ser ridicularizados por outros. O bullying acaba criando um ciclo vicioso, arrastando os envolvidos cada vez mais para o seu centro. Para Neto (2004),

a forma como reagem ao bullying permite classificá-los como auxiliares (participam da agressão), incentivadores (incentivam e estimulam o autor), observadores (só observam ou se afastam) ou defensores (protegem o alvo ou chamam um adulto para interromper (NETO 2004, p.52).


Algumas testemunhas, deslumbradas com a popularidade dos autores, vêem nas atitudes agressivas o caminho para o poder. Outros, ainda, com medo de serem possíveis alvos, apresentam queda no rendimento escolar e mudança de comportamento, como forma de serem aceitos pelo grupo agressor.



Capítulo 4
Conseqüências do Bullying

As conseqüências do bullying podem ser desastrosas, não só para a vida de suas vítimas, mas para todos os envolvidos no contexto. Porém são raros os adultos que enxergam essas conseqüências e a gravidade que isso representa na vida de quem recebe as agressões e não sabe lidar com essas situações. Essas conseqüências podem se apresentar à curto, médio ou longo prazo, nas esferas sociais, emocionais e legais
Para Neto (2005), “pessoas que sofrem bullying quando crianças são mais propensas a sofrerem depressão e baixo estima quando adultos”. As constantes humilhações, depreciações e zombaria a que são submetidos transformam as diferenças em anormalidades, num ato bárbaro de violência contra a identidade pessoal de seu alvo. Ele passa a acreditar que é inferior em relação aos outros, que não pode pertencer a algum grupo, quer se isolar do mundo. Na vida adulta, tem dificuldades em se relacionar, se tornando dependente do outro e buscando por constante aprovação.
Em se tratando de dificuldades emocionais, Marchesi (2006) afirma que,

as dificuldades emocionais dos alunos podem alterar suas relações sociais com professores e colegas e dificultar seriamente sua aprendizagem. Entre elas se encontram a percepção da falta de afeto, o isolamento social, a tristeza prolongada, o sentir-se marginalizado e maltratado (MARCHESI, 2006).


Algumas vezes, o desprezo a qual as vítimas são submetidas diariamente gera o ódio e o desejo de acabar com esse sofrimento através da vingança, na ânsia de surpreender seus agressores. São muitos os casos em que essas vítimas entraram armadas nas escolas, atiraram em seus “colegas” e professores e colocaram um ponto final nas agressões cometendo o suicídio. Passam de vítima a agressores, e de acordo com CHALITA (2008), em drama como estes, apagam-se as linhas divisórias que classificam autores, alvos e testemunhas. Todos passam a ser vítimas dessa tragédia que é o bullying.
Para Pedra (2006) o fenômeno bullying estimula a delinqüência e induz a outras formas de violência explícita, produzindo, em larga escala, cidadãos estressados, deprimidos, com baixa auto-estima, capacidade de auto-aceitação e resistência á frustração, reduzida capacidade de auto-afirmação e de auto-expressão, além de propiciar o desenvolvimento de sintomatologias de estresse, de doenças psicossomáticas, de transtornos mentais e de psicopatologias graves. Tem, como agravante, interferência drástica no processo de aprendizagem e de socialização, que estende suas conseqüências para o resto da vida podendo chegar a um desfecho trágico. Em situações de ataques mais violentos, contínuos e que causem graves danos emocionais, a vítima pode até cometer suicídio ou praticar atos de extrema violência.
As testemunhas também sofrem as conseqüências do bullying. Sentem-se acuadas. Ficam felizes por não serem atingidos, mas se sentem culpadas pela omissão. Para CHALITA (2008) aprendem a ser omissos para se defender.

O medo torna covardes muitos deles, os quais, na vida adulta, podem se transformar em cidadãos egoístas, que aceitam e até legitimam as injustiças sociais, desde que não tenham as suas vidas atingidas diretamente. Omissos e acomodados, não protagonizam ações para a transformação pessoal e social (CHALITA, 2008).

Para os autores do bullying, as conseqüências na vida adulta também são negativas. O jovem que sente prazer em ferir, humilhar e agredir o outro pela sensação de poder que isso lhe causa, certamente poderá ter desvio de conduta na vida adulta, podendo se envolver com a criminalidade e violência doméstica. De acordo com Fante (2005),
O agressor (de ambos os sexos) envolvido no fenômeno bullying estará propenso a adotar comportamentos delinqüentes, tais como: agressão a grupos delinqüentes, agressão sem motivo aparente, uso de drogas, porte ilegal de armas, furtos, indiferença à realidade de que o cerca, crença de que deve levar vantagem em tudo, crença de que é impondo-se com violência que conseguirá obter tudo o que quer na vida... Afinal foi assim nos anos escolares (FANTE, 2005, p. 81).




4.1 O bullying no contexto escolar

O período escolar é uma época de muitas descobertas na vida da criança e o do jovem. É quando se adquire ou constrói muitos conhecimentos e aprendizagens a cerca do mundo em que se vive e principalmente, é onde a criança começa a desenvolver relações sociais e de convivência fora do ambiente familiar. Sendo assim, a escola passa a exercer certo encantamento na criança que, acredita, irá viver novas e maravilhosas descobertas. No entanto, nem sempre é o que acontece.
De acordo com Middelton-Moz (2007), após o período de adaptação no ambiente escolar, a criança sente necessidade de aceitamento social, e logo procura o seu lugar de pertencimento. São formados pequenos grupos de origem, socioeconômica, religiosa, cultural, sistemas familiares semelhantes, entre outros. Os grupos têm suas regras de conduta ditas e não ditas, que devem ser seguidas pelos seus membros. Há também aquelas crianças que não se encaixam em grupo algum.
A escola passa então a ser um ambiente heterogêneo, onde se faz necessário respeitar e conviver com as diferenças de cada um, sejam elas físicas, sociais culturais, não importa. No entanto, nem sempre isso acontece. Como já foi discutido no capítulo anterior, o bullying está presente no ambiente escolar, e as atitudes de agressão, discriminação e intolerância, características desse fenômeno, fazem parte do cotidiano da maioria dos alunos.
Chalita (2008) lembra que o bullying é um fenômeno muito complexo nas escolas, muitas vezes banalizado e confundindo com agressão e indisciplina. Em relação aos professores, muitos ignoram a prática do bullying no ambiente escolar ou consideram como atitudes normais pra idade dos alunos. Acreditam se tratar de brincadeiras apenas (e por vezes chegam a rir do deboche), não vendo necessidade de sua interferência.
Há também os que contribuem para a prática do bullying no ambiente escolar, incentivando, mesmo que indiretamente, a intolerância ao próximo. São aqueles professores que não medem palavras no momento de corrigir um aluno, são cruéis com as palavras: “Você é muito devagar!”, “Você é burro!”, “Você nunca vai ser nada na vida!”, “Você não tem jeito mesmo!”, “Seu relaxado!”.
A maioria das escolas não se encontra preparada para lidar com o bullying, e atribuem somente à família a culpabilidade da violência no ambiente escolar, ignorando o seu papel diante do problema. Quando há ocorrência de agressões na escola, suspendem os alunos por alguns dias, ameaçam de expulsão e acreditam ter feit o que estava ao alcance da escola.
Os princípios das Leis de Diretrizes e Bases da Educação garante que,

A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. ( Art.2º da LDB Lei nº9.394 de 20.12.96).


Sendo assim cabe a escola estudar medidas preventivas e combativas em relação ao bullying para que não haja a violação desses direitos.




Capítulo 5
Metodologia

De acordo com os objetivos desse trabalho, que são identificar na ação do professor e da escola mecanismos de prevenção e combate ao bullying no contexto escolar, a metodologia científica escolhida para o levantamento dos dados necessários foi a pesquisa qualitativa. Segundo LUDKE e ANDRÉ (1986) a pesquisa qualitativa é de abordagem naturalista, ou seja, a fonte direta dos dados pesquisados é o ambiente natural do sujeito a ser pesquisado.
Através de um questionário aberto, os professores-alvos desta pesquisa, irão responder questões pertinentes às atitudes tomadas pela equipe pedagógica e administrativa da escola municipal para a prevenção e combate ao bullying.

5.1 Os sujeitos da pesquisa

Os questionários foram respondidos por dez professores que lecionam na quarta série do ensino fundamental de uma escola municipal da cidade de Sumaré, no interior do estado de São Paulo. A escola está situada em uma região periférica e bastante populosa da cidade. A escola tem uma clientela que em suas características gerais, são de origem sócia econômica em desvantagem às exigências sociais do mercado. Sua concepção de mundo está pautada em intensa luta pela sobrevivência social e da família, pois estão constantemente envoltos em responder aos problemas de ordem pública das políticas sociais: moradia, saúde, emprego e educação.
A escola atende aos alunos de oito bairros residenciais da região do Picerno. Esses bairros têm como população, em sua grande maioria, famílias de classe D e E. Grande parte dos pais dos alunos são trabalhadores do setor da construção civil, industriários, comerciários e empregados domésticos. Uma das principais características da região é a diversidade de seus habitantes, visto que são em sua maioria imigrantes das cinco regiões do país. Essa característica possibilita a convivência com a pluralidade de idéias e concepções.
As questões foram respondidas individualmente pelos professores, que neste trabalho terão suas identidades preservadas. Todos os professores possuem formação superior em pedagogia sendo que dois deles são pós - graduados.


5.2 Análise da pesquisa

Primeira questão:
O que você conhece sobre Bullying?

As respostas para esta questão foram quase unânimes seguindo apenas dois padrões. Dos dez professores entrevistados, oito deles demonstraram ter conhecimento sobre o que é bulying e suas principais características, definindo de forma abreviada, mas, corretamente, a aplicação do termo. Já os outros dois professores, acreditam que bullying se trata da violência crescente na sociedade contra qualquer cidadão, desconhecendo suas características específicas.


Figura 1

A análise dessas respostas permite ao autor da pesquisa acreditar que há o conhecimento do fenômeno bullying e suas principais características por parte dos professores. Esse conhecimento se deve, em parte, ao aumento da exposição de casos como este nos noticiários e às discussões sobre o tema apresentadas em programas de televisão.

Segunda questão:
À que você atribui à prática do bullying nas escolas? Por quê?

Esta questão foi respondida com idéias diferentes pelos dez professores. Os professores 4, 7, 8, 9, e 10 atribuem à família a culpabilidade das situações de bullying no contexto escolar. Acreditam que falta o ensino de valores no seio familiar, sendo que três destes professores incluíram na resposta outras causas como hiperatividade (professor 4), falta de religião (professor 7) e violência doméstica (professor 8). O professor 1 atribui a ocorrência do bullying à violência exposta na mídia, através de filmes, desenhos e noticiários, que acabam refletindo no dia à dia das crianças. Para os professores 2 e 3 o bullying ocorre devido à falta de valores e respeito ao próximo ,sendo que o professor 2 inclui em sua resposta o vandalismo dos jovens como causa das agressões. Os professores 5 e 6 não foram claros em suas respostas, como pode se verificado nos questionários em anexo.


Figura 2

A análise das respostas dessa segunda questão permite ao pesquisador constatar que a maioria dos professores percebe o bullying como decorrência de falta de orientação familiar, atribuindo a culpabilidade da violência á falta do ensinamento de valores. De fato, aí consiste uma das causas, porém não a única. Não se pode culpar apenas a família por um problema que faz parte do cotidiano escolar.

Terceira questão:
Você acha que sofrer bullying traz conseqüências na vida de suas vítimas? Quais?

Os professores 1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10 têm consciência das conseqüências na vida das vítimas. Acreditam que o bullying pode acarretar traumas, insegurança, baixa alto-estima, isolamento, insegurança, e depressão por vezes ocasionando o suicídio. Dentre eles, os professores 5 e 10 mencionaram também conseqüências na aprendizagem, como baixo rendimento decorrente da perda do interesse pela escola. O professor 2 acredita que depende de como a pessoa encara a situação: pessoas que são descontraídas e levam na esportiva não sofrem conseqüências, só quem encara com indiferença e não aceita essas situações.



Figura 3

As respostas desta questão permitem constatar que os professores têm conhecimento das conseqüências que o bullying pode acarretar na vida dos envolvidos, sabem da possibilidade de conseqüências emocionais, mas apenas dois professores reconhecem que podem ocorrer conseqüências em relação a aprendizagem escolar.

Quarta questão:
Você já participou de alguma reunião de formação ou capacitação que tratasse do tema Bullying?

Os professores 1, 2, 3, 5, e 6 já participaram de reuniões de formação sobre o assunto em palestras oferecidas pelos órgãos de Ensino Municipal ou Estadual. Já os professores 4, 7, 8, 9 e 10 nunca participaram de alguma reunião sobre o tema.

. .
Figura 4

A análise das respostas permite ao autor da pesquisa concluir que há divergência em relação às mesmas. Metade dos entrevistados nunca participou de reuniões de formação sobre o assunto e a outra metade, sim, em oportunidade oferecida pelos órgãos municipais de educação. Como o bulying se trata de um assunto de interesse público e principalmente, dos educadores seria interessante uma padronização de oportunidades. Todos os professores devem ter informações e formação sobre o assunto.

Quinta questão:
Alguma vez você já presenciou situações de bullying em sua sala de aula? Se sim, como você interferiu no problema?

Os professores 1, 4, 5 e 10, responderam que nunca presenciaram situações de bullying em sala de aula. Sendo que o professor 10 acrescentou à sua resposta que presenciou apenas situações normais de uma criança, mas “uma conversa no pé da orelha” resolveu o problema. Já os professores 2, 3, 6, 7, 8 e 9 responderam que já presenciaram esse tipo de situação em sala de aula. Sendo que os professores 2, 3, 7, 8 e 9 dizem interferir através de conversas de orientação com os alunos.


Figura 5

As respostas desta questão se mostraram interessantes quando relacionadas às características de casos de bullying. Quando os professores sustentam a afirmação de não registrarem a ocorrência de casos de bullying, não provam a inexistência do mesmo em suas respectivas salas de aula. As pesquisas apontam que os casos de bullying ocorrem em sua maioria em ambientes sem a supervisão de um adulto ou que muitas vezes são confundidas com brincadeiras. Quanto aos professores que afirmam já ter presenciado casos de bullying no ambiente da sala de aula, ficou evidente que a única medida tomada foi a conversa com os envolvidos.

Sexta questão:
Qual foi o resultado de sua ação? Surtiu efeito?

Para os professores 1, 3, 5, 6, 7, 8, e 9 sua ação foi eficaz. Acreditam que com um bom argumento o aluno é convencido das conseqüências do seu ato. Já o professor 2 acredita que as vezes a sua ação é eficaz, mas em outras, o aluno leva na brincadeira e continua a não obedecer as regras. Quanto aos professores 4 e 10, não responderam a questão, já que afirmam não presenciar situações de bullying.


Figura 6

A análise destas respostas permite ao autor chegar à conclusão de que a maioria dos professores acredita que depois da conversa com os alunos o problema está resolvido. Esta sensação é ilusória, pois muitas das vezes, o sermão ministrado pelo professor após a ocorrência de um fato, passa a ser motivo para retaliação e inibe o aluno alvo de relatar nova ocorrência.

Sétima questão:
Você costuma encaminhar esse tipo de problema á direção ou resolve dentro de sala de aula com os alunos? Qual a atitude da direção?

Os professores 1, 3, 6, 8, 9 e 10 não costumam encaminhar esse tipo de ocorrência à direção. Acreditam que o professor tem mais intimidade com o aluno e pode resolver isso dentro de sala de aula. Já as professoras 2, 5 e 7, dependendo do tipo, de agressão encaminham o aluno a direção. Sendo que, a professora 2 mencionou que a direção adverte o aluno e em último caso aplica a suspensão. A professora 4 não respondeu a questão.

Figura 7

A análise das respostas permite ao autor da pesquisa concluir que a ação dos professores é sempre de ordem combativa, e sempre após a ocorrência de um fato. O professor parece acreditar que é apenas mais um problema de sala de aula, e não merece ser comunicado a equipe gestora, a não ser para serem aplicadas penalidades que não competem ao professor, como advertência e suspensão. Essa atitude da equipe gestora, também pode ser interpretada como “castigo” se não estiverem atreladas a outras medidas como, por exemplo, um projeto sobre o assunto.


Oitava questão:
Na escola onde você leciona é realizado algum trabalho contínuo de prevenção e combate ao bullying?

Os professores 1, 4, 5, 7, 8 e 9 responderam que não há nenhum trabalho de prevenção e combate ao bullying na escola onde lecionam. Já os professores 2, 3, 6 e 10 dizem estar realizando esse tipo de trabalho diariamente dentro de sala de aula, através de conversas com o s alunos. Sendo que apenas a professora 6 mencionou a discussão desse assunto em reuniões pedagógicas.



Figura 8

As respostas desta questão demonstram desarticulação na proposta dos objetivos. Os dez professores lecionam na mesma escola, mas, seis deles, afirmam não existir um trabalho de prevenção e combate ao bullying. E dos quatro que afirmam realizar esse trabalho em sala de aula, apenas um relata que o tema é discutido em reuniões pedagógicas. Então, do ponto de vista geral, não há um trabalho efetivo de prevenção e combate ao bullying nessa escola.

Nona Questão:
Qual atitude você considera ideal para combater o bullying nas escolas?

Os professores 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10 acreditam que o caminho para o combate e prevenção ao bullying é a conscientização através do diálogo com os alunos. Sendo que dentre eles, os professores 1, 2, 3, 4, 7, 8, 9 e 10 mencionaram, também, a importância do diálogo entre escola e a família, para que juntas possam superar o problema. O professor 7 citou também a necessidade de capacitação e preparo dos professores para lidar com o assunto.


Figura 9

Felizmente, ao fazer a análise dessas respostas, fica evidente que os professores têm o conhecimento de que o combate e prevenção ao bullying só é possível se concretizar através das ações de conscientização e diálogo com os alunos, em parceria com a família e a comunidade. Mas apenas um professor mencionou a importância da capacitação do professor para lidar com o assunto. Quando há consciência da importância da conscientização, mas não há resultados positivos, cogita-se que este diálogo, não tem acontecido de forma positiva, talvez pela falta de informação do professor e da escola.






Considerações Finais

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação a educação abrange todo o processo de formação do individuo e tem o dever de prepará-lo não só para o trabalho, mas também para o pleno exercício da cidadania e para a vida.
No entanto, culturalmente, tem-se a concepção de que a escola é o lugar onde somente se adquire os conhecimentos que podem ser medidos através de notas e testes, através da rigorosidade e exigência do professor e muitos professores acreditam que ensinar os valores éticos e morais é função da família. Nesse jogo de empurra a criança cresce sem referência, como se ela fosse o problema. A quem recorrer? Em quem confiar?
O ideal seria que toda a comunidade se empenhasse em prevenir este tipo de situação não apenas dentro da escola, mas em todas as situações e ambientes da sociedade.
Chalita (2008) afirma que é preciso romper com esse círculo vicioso.

Os pais cobram da escola. A escola responsabiliza os pais. A sociedade exige que a escola professe valores que ela mesma ignora. É ingênuo acreditar que um único segmento seja capaz de, isoladamente, erradicar a violência. Se a causa é a ausência de amizade, respeito e solidariedade entre as pessoas, então o primeiro passo é regatar essa parceria. (CHALITA, 2008, pág.195)


A escola, como lugar que tem uma função social, deve assumir o seu papel, e estabelecer parcerias com a comunidade escolar, em busca dos objetivos comuns.
Para Bandeira (2003),

È necessário educarmos para a esperança, para a felicidade onde consigamos cooperar enquanto educadores que somos para que a humanidade consiga superar a brutal exclusão social que marca o nosso tempo. Para isso, a educação tem um papel central, devemos acreditar e apostar em uma educação que abra horizontes de esperança e que seja capaz de articular competências e habilidade sociais em todos aqueles que estiverem inseridos nesse processo de humanização dos sujeitos. (BANDEIRA, 2003)

Neto (2004) acredita que a escola não deve ser apenas um local de ensino formal, mas também de formação cidadã, de direitos e deveres, amizade, cooperação e solidariedade. Agir contra o bullying é uma forma barata e eficiente de diminuir a violência entre estudantes e na sociedade. Ninguém gosta de ter os seus direitos violados. Ninguém gosta de ser desrespeitado. Para que estes objetivos sejam alcançados é preciso estabelecer os princípios norteadores.
No entanto, devemos nos lembrar que as crianças aprendem muito através dos exemplos. Certa vez, durante a realização do estágio em uma escola de educação infantil privada, um aluno de aproximadamente dois anos de idade fez xixi na roupa e a professora, muito irritada com o garoto, começou a humilhá-lo: “Seu mijão! Todo mundo está vendo que você é um mijão! Feio!”. No mesmo instante as outras crianças começaram a rir dele e fazer coro xingando-o. Percebi nos olhos dele a humilhação que estava sentindo. Fiquei chocada e, num ímpeto, fiz uma intervenção, perguntando quem ali nunca havia feito xixi na roupa. As crianças se encolheram envergonhadas e a professora ficou constrangida por sua atitude.
Foi um episódio muito triste, mas me proporcionou uma aprendizagem: não se faz isso com uma criança. Além de você afetar a vítima contamina os outros com essa atitude perversa. Se na sala de aula a criança vê o professor desrespeitando outro aluno, através de apelidos pejorativos como “seu lerdo!”, “você é terrível mesmo!”, “você não tem jeito” ou se ele observa o professor zombando de um colega de profissão, ele entende que aquilo e permitido.
De acordo com Chalita (2008) é necessário que os educadores reflitam sobre,

Que tipo de homem desejamos formar? Que tipo de sociedade almejamos construir com a realização do nosso trabalho? O que ensinamos, para que e para quem estamos educando? Que experiências estamos vivendo? Que sentimentos estamos compartilhando? (CHALITA, 2008, PÁG.194)

Os alunos têm o direito à educação de qualidade. E qualidade inclui o amparo, a proteção, o cuidado. O bullying está presente nas escolas, e a melhor forma de lidar com esse fenômeno é prevení-lo, começando pela conscientização e preparação de professores, funcionários, pais e alunos. Por um lado, é preciso apoiar as crianças vítimas e, por outro, é imprescindível fazer um trabalho especial com as pessoas propensas para cometer violência contra os colegas, professores e funcionários.
É claro que não podemos atribuir exclusivamente ao professor a responsabilidade de prevenir e combater o bullying na sala de aula, mas sabemos que ele tem um papel fundamental para que o bullying não faça parte do cotidiano escolar. De acordo com a ABRAPIA, professores precisam tempo, paciência e habilidade para lidar com crianças envolvidas em bullying e suas famílias. Neste contexto, é fundamental que haja suporte adequado especialmente aqueles novos na profissão. No Brasil já estão sendo realizados alguns projetos, como relata Fante (2005). A problemática da violência escolar já está sendo prioridade nas escolas do país. Porém, ainda há pouca divulgação sobre o desenvolvimento desses programas educacionais que visam combater e prevenir o fenômeno Bullying nas escolas brasileiras.
Prevenir o bullying exige um trabalho contínuo de toda a equipe escolar em conjunto com a comunidade. O professor deve se um aliado da família, e do aluno. O bullying deve se discutido com os alunos dentro de sala de aula, através de metodologias que os coloquem no centro da aprendizagem, para que se concretizem as ações de informação, contextualização, conscientização e mobilização. Calhau (2008) sugere que o esclarecimento pode facilitar o controle dessas ações.
É preciso buscar um diagnóstico do bullying naquela realidade escolar local. O esclarecimento pode, em muitos casos, poder facilitar o controle dessas situações. Para que isso possa ser conseguido é necessário que haja um diálogo franco entre os envolvidos. Isso evitará que os envolvidos tenham uma mensagem da sociedade que os problemas devem ser resolvidos com violência ou com a anulação moral dos mais fracos. A atuação preventiva nesses casos é a melhor saída. Devemos coibir essas práticas e propagar, em vez da violência, a tolerância e a solidariedade. Agindo assim contribuiremos para reduzir a prática futura de crimes violentos decorrentes das situações de bullying. CALHAU (2008)
Para que haja entendimento de que o respeito é essencial para o convívio em sociedade, a erradicação da violência que tantos danos causam a vida de seus envolvidos. O educador Paulo Freire (1987), esclarece a necessidade de uma educação libertadora e sem opressão.

A educação libertadora é incompatível com uma pedagogia que de maneira consciente ou mistificada, tem sido prática de dominação. Uma cultura tecida com a trama da dominação, violência, por mais generosa que sejam os propósitos de seus educadores, é barreira cerrada às possibilidades educacionais dos que se situam nas subculturas dos proletários e marginais (FREIRE, 1987, p. 9).

Fica claro que não basta admitir ou não a existência do bullying no ambiente de escola. O professor deve ter consciência de que as ações não devem esperar pelas ocorrências dos fatos, mas deve estar baseada num principio de prevenção. A partir da tomada de consciência, o professor deve mediar as suas ações em busca de um ambiente saudável, baseado nos princípios de ética, justiça, solidariedade, respeito mútuo e diálogo.
Chalita (2001) define como princípios básicos para a construção da cidadania o educar para a convivência pacífica, harmônica, feliz. Educar para o respeito para troca de experiências, para o exemplo no trato com os outros e consigo mesmo.
Utopia a parte, é preciso acreditar no poder transformador da educação. Se um pai ou um professor educa a criança para o bem, certamente colherá bons frutos. A boa semente plantada brota, e faz florescer valores essenciais para o convívio humano, como a solidariedade, o respeito, a compaixão e o caráter.
Infelizmente, muitas crianças tiveram suas vidas transformadas negativamente pelo sofrimento a qual foram submetidos covardemente. Muitos desistiram de lutar contra o bullying, e optaram por não mais fazer parte desta sociedade cruel, tirando a própria vida. Mas também, muitos que passaram por essa situação encontraram forças dentro de si para combater e superar todo esse sofrimento causado pelas agressões e hoje buscam transformar essa triste realidade através da educação.
Eu sou uma dessas pessoas que superaram o bullying, e escolhi, de coração, ser educadora. Pois acredito que se a escola se comprometer a trabalhar os valores fundamentais para a convivência em sociedade, envolvendo toda a comunidade escolar, desenvolvendo as competências e estabelecendo limites é possível criar um ambiente sadio onde não haverá espaço para as práticas agressivas e exclusivas do bullying.










BIBLIOGRAFIA

ABRAPIA. Associação Brasileira de Proteção a Infância e Adolescência. Bullying. Disponível em: http://www.bullying.com.br. Acesso em maio/2008

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e documentação. Referências. Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002. 24 p.

BALLONE, GJ, Moura EC - Maldade da Infância e Adolescência: Bullying - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2008.Acessado em maio de 2010-11-12

BANDEIRA, Lúcia Regina. A afetividade na educação. Carazinho: ULBRA, 2003. Monografia, Pós Graduação em Administração na Educação, Universidade Luterana do Brasil, 2003.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF,1998. v.8
CALHAU, Lélio Braga. Bullying: precisamos agir. Disponível em -http://www.lfg.com.br 02 setembro. 2008. Acessado em maio de 2010.
CHALITA, Gabriel. Pedagogia da amizade__ bullying: o sofrimento das vítimas e dos agressores / Gabriel Chalita _ São Paulo: Editora Gente, 2008.

________________Educação a Solução está no afeto / Gabriel Benedito Issaac Chalita - São Paulo: Editora Gente, 2001.

FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas, Editora Verus, 2005, 224 p.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 36ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

LOBO, L. Escola de pais. 2 ed. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 1997

LÜDK, M.; ANDRÉ, M. E. D. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. SãoPaulo: EPU, 1986, 99 p.

MARCHESI, A. O que será de nós, os maus alunos?.Tradução: Ernani Rosa. Porto Alegre: Ed Artmed, 2006, 192 p.

MIDDELTON – MOZ, Jane. Bullying: estratégia de sobrevivência para crianças e adultos / Jane Middelton – Moz, Mary Lee Zawadski: tradução Roberto Cataldo Costa. – Porto Alegre: Artmed, 2007,152 p.

NETO, A.L. Diga não ao bullying. 5 ed. Rio de Janeiro, ABRAPIA, 2004.

_________ Bullying – comportamento agressivo entre estudantes. J Pediatria (Rio J). 2005;81 (5 SUPL): s164-s172.

PEDRA, José Augusto. Em prefácio da obra constante na nota 03 de Cleo Fante, p. 9-10. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas, Editora Versus,2005, 224 p.

SEVERINO, A.J. Metodologia do trabalho científico. 22 ed. São Paulo: Cortez, 2002.

2 comentários: